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Defensoras populares são capacitadas em violência obstétrica e direitos das pessoas com doenças graves

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Publicado em 08, outubro de 2022 às 20:23

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Os Direitos das Pessoas com Doenças Graves e a Violência Obstétrica foram os temas abordados neste sábado (08), respectivamente, pela Defensoras Pública aposentada Valéria Diniz, e pela Subdefensora Pública Geral do Piauí, Carla Yáscar Bento Feitosa Belchior, durante o terceiro módulo do Curso Defensoras Populares, realizado pela Defensoria Pública do Estado do Piauí desde o ano de 2019.

Ao abrir o módulo, a Subdefensora-Geral, Carla Yáscar Belchior, que também é a idealizadora e coordenadora do Projeto Defensoras Populares no Piauí, agradeceu a presença das participantes e a colaboração da Defensora Valéria Diniz. “Estamos hoje no nosso terceiro módulo, temos um terço dos nossos encontros realizados e a partir deste teremos mais seis. Quero falar para vocês sobre a Valéria, que é uma pessoa especialíssima, como poderão constatar durante a fala dela. Uma mulher inspiradora, apaixonada pela vida, um exemplo de pessoa e profissional. Para nós é uma honra contar com essa participação. Agradeço às participantes que estão de rosa, em referência a esse mês no qual temos a Campanha Outubro Rosa. Lembrando ainda que hoje também é um dia muito importante, Dia das Nordestinas e dos Nordestinos, nós que não estamos aqui à toa e temos cumprindo uma função importante no nosso país, vamos nos orgulhar sempre do nosso local de origem”, destacou.

Ao falar sobre os direitos das pessoas gestantes e a Violência Obstétrica, Carla Yáscar Belchior destacou a importância do parto humanizado e as formas de violência que muitas vezes são desconhecidas pelas próprias mulheres. “É importante lembrar que nem todas as pessoas que gestam são mulheres, existem, por exemplo, os homens trans, que têm útero e são pessoas que também podem conceber, gerar e ter o parto. Importante também destacar que nós sabemos parir, nosso corpo foi preparado para isso e, ao longo de toda a história da humanidade, as mulheres sempre pariram apoiadas por outras mulheres, pelos saberes das mulheres vindas dos povos tradicionais, das indígenas, das quilombolas, das parteiras, que foram essenciais para que a gente tenha chegado até aqui enquanto humanidade. Mas a nossa evolução histórica foi marcada por relações de poder e desequilíbrio entre os sexos, entre os gêneros, e sempre com o masculino querendo dominar ao feminino, o que veio a se refletir também na medicina, no atendimento ao parto. Nada contra a atuação dos médicos, que é muito importante, a medicina trouxe avanços relevantes para segurança do parto, mas isso não pode se sobrepor à vontade da mulher, ela tem que ter sua impressões respeitadas, uma assistência humanizada. As mulheres são sujeitos de direito e não apenas objetos de cuidados. Essa é uma luta de todas e de todos”, destacou entre outros pontos, fazendo ainda referência a necessidade de denúncia a qualquer forma de violência obstétrica “através das Ouvidorias das maternidades, no CRM, no COREN, ou por meio dos números 180 e 136, assim como na Defensoria Pública”, disse.

A Defensora Valeria Diniz por sua vez falou de forma clara, procurando desmistificar todo um contexto de medo e até de constrangimento quando se trata da abordagem de doenças graves, especialmente o câncer. “O câncer é uma doença que não escolhe raça, classe social, se é gordo se é magro, branco ou preto. É a segunda doença que mais mata no Brasil e não vemos a humanização necessária em relação às pessoas que passam por isso”, disse a defensora que convive há 10 anos com a doença, destacando ainda os direitos que as pessoas com câncer têm, como saque do FGTS, auxilio doença, aposentadoria por invalidez e acréscimo de 25% no valor dessa aposentadoria, tudo com vistas a ajudar no tratamento e melhoria da qualidade de vida.

Valéria Diniz também destacou a satisfação em integrar mais uma vez do Projeto Defensoras Populares. “Só tenho a agradecer à Defensoria por esses quaro anos de Defensoras Populares. Trazer esse fomento, esse despertar para essas mulheres é plantar uma sementinha para poder levar além o que precisamos na busca por esses direitos, porque às vezes a gente não sabe das dificuldades do outro, dos direitos omitidos ou que na verdade não são procurados por ignorância, por desconhecimento, por medo, devido as dificuldades que são colocadas. Então, esse momento de Defensoras Populares é crucial para plantar essa semente e para que ela seja disseminada. Me sinto muito grata e feliz em poder passar para essas mulheres as informações que elas poderão disseminar. Para mim o Projeto Defensoras Populares faz a diferença, é muito gratificante”, afirmou.