Com uma fala contundente, precisa, emocionante e emocionada, a Defensora Pública Karla Araújo de Andrade Leite, ministrou neste sábado (24), o segundo Módulo do Curso Defensoras Populares edição 2022. O módulo tratou sobre Racismo e Ações Afirmativas de forma esclarecedora, destacando a necessidade de mudança imposta dentro do incômodo que o tema traz.
Durante três horas, Karla Andrade, que é idealizadora e coordenadora do Projeto Vozes dos Quilombos, destacou todo o histórico vivenciado pela população negra dentro do contexto de uma colonização racista, autoritária, cujos valores perduram até os dias atuais. A Defensora chamou a atenção para a importância de um olhar alerta sobre a questão do racismo estrutural. “Foi o que os colonos portugueses plantaram aqui como verdade. O racismo estrutural, ao qual muitos estão acostumados e que faz achar normal humilhar a pessoa pobre, que geralmente é negra. Enxergam por uma lente monocultural, que vê como certa a sabedoria do homem branco e não dos demais grupos étnico raciais. É preciso romper essa dicotomia. Não existe mais espaço para nós e eles, temos que ser só nós”, afirmou, destacando a importância de políticas públicas contra o racismo, como a política de cotas, assim como o papel exercido pela Defensoria Pública na defesa dos grupos violentados pela visão racista da sociedade.
A Defensora também ressaltou a importância do curso Defensoras Populares e apoio recebido das demais Defensoras que integram o projeto. “Elas me fortalecem, uma levanta a outra, o que as defensoras populares fazem também nesse momento de encontro das nossas experiências nessa sala. É muito revolucionário. É uma responsabilidade nossa. Uma troca de aprendizado”, disse Karla Andrade.
A Defensora Pública Lia Medeiros, coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar da DPE-PI, discorreu sobre o perfil da palestrante. “Karla é uma mulher muito potente, tem uma postura muito forte, que faz a gente refletir. Com certeza hoje todas nós, principalmente nós mulheres bancas, saímos daqui um pouco incomodadas, mas é aquele incomodo que é força para que a gente possa modificar uma série de coisas que precisam mudar. Com essa postura dela, de mulher banca antirracista, Karla Andrade mostra que podemos fazer mais e ir muito mais além”, destacou.
A Defensora Pública Verônica Acioly de Vasconcelos, titular da 2ª Defensoria Pública da Mulher, também falou sobre a facilitadora. “Karla Andrade consegue colocar ideia em movimento, de uma maneira espirituosa, conseguindo nos sensibilizar com os temas que aborda”, afirmou.
A Ouvidora-Geral da Defensoria do Pará, Norma Miranda, uma das alunas do Curso Defensoras Populares, falou em nome das participantes. “Karla Andrade além de ser arrebatadora é um ser humano que nos dá esperança, sua fala se completa em tudo. (…) Quando espancam nossa pele um curativo resolve, mas quando violentam nossa alma é muito mais difícil, portanto só gratidão por lhe ouvir”, destacou.
A coordenadora do Curso Defensoras Populares, Subdefensora Pública Geral do Estado do Piauí, Carla Yáscar Bento Feitosa Belchior, resumiu o resultado do módulo. “Foi uma tarde extremamente produtiva. Sem falar que todas nós ficamos impactadas pela fala precisa da Defensora Karla Andrade, que nos ensina a sentir o que repassa de conhecimento. Toda a fala hoje colocada nos trouxe muito conteúdo, nos instigando a sair da nossa zona de conforto e seguir nessa luta antirracista, que é mais que essencial para garantir a dignidade humana. Tenho certeza que a semente hoje aqui plantada irá render ótimos frutos, o que pode ser comprovado a partir dos comentários que recebemos no chat. Ficamos arrebatadas”, afirmou.