A Defensora Pública Karla Araújo de Andrade Leite, coordenadora do Projeto Vozes dos Quilombos e Diretora das Defensorias Regionais, ministrou nesta sexta-feira (02), palestra durante o Festival do Conhecimento, realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que teve como tema “Do Ancestral ao Digital”.
Coordenado pela Reitoria de Extensão da UFRJ, esta é a 3ª edição do Festival do Conhecimento, que reúne saberes tradicionais e universo digital. Cerca de 800 atividades da comunidade acadêmica aconteceram virtualmente, como oficinas e minicursos, que contaram com o protagonismo de personalidades indígenas nos debates sobre produção de conhecimento, Amazônia e justiça climática. O evento também discutiu temas como metaverso e combate às fake news, entre outros.
A abertura contou com a palestra do líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro, Ailton Krenak, indígena da etnia Crenaque. Desde o dia 29 várias mesas debateram a ancestralidade, o bem viver, o meio ambiente, os direitos humanos e sociais da pluralidade étnico-racial.
A palestra com a participação da Defensora Karla Andrade, foi denominada de Papo Virtual – Comunicação não violenta e a vida acadêmica: podemos ser mais empáticos neste ambiente? , tendo também a participação das professoras Cristina Riche e Juliany Rodrigues.
A Defensora piauiense discorreu sobre o Projeto Vozes dos Quilombos pela perspectiva da comunicação não violenta, uma vez que é pautado na escuta e no acolhimento. “Fui convidada pelas professoras Cristina Riche e Juliany Rodrigues, para falar do Projeto Vozes dos Quilombos pela perspectiva da comunicação não violenta. Achei o convite desafiador, pela grandiosidade do Festival, mas também muito oportuno, considerando que o Vozes dos Quilombos sempre priorizou a escuta das vozes quilombolas, manifestando o estabelecimento da comunicação empática. E falar do Quilombo é falar de ancestralidade, de oralidade, de sabedoria e memória. E é também falar de racismo, e do bloqueio cultural que cega a sociedade não quilombola, levando-a a não enxergar a legitimidade de outras formas de ser e viver. Os grupos dominantes sempre naturalizam a violação dos direitos dos povos tradicionais. A promoção dos seus direitos passa pelo caminho da força, quando precisamos afirmar de que lado estamos, mas passa pelo caminho da empatia, quando precisamos reconhecer e respeitar as nossas diferenças, entendendo definitivamente que não há supremacia de saberes entre grupos”, afirma Karla Andrade.