Nesta quinta-feira (20), quando transcorre o Dia Mundial da Justiça Social, a Defensora Pública Karla Araújo de Andrade Leite, discorreu na Rádio Pioneira de Teresina sobre o papel constitucional da Defensoria Pública na busca constante para proporcionar o acesso à Justiça e a garantia de direitos. A Defensora também falou sobre o Projeto Vozes do Quilombo e sobre Direitos Humanos na atual conjuntura do país.
A participação da Defensora Karla Andrade na Rádio Pioneira se deu durante o Programa “A Cidade em Movimento”, apresentado pela jornalista Luíza Gonçalves. “Para alcançarmos a Justiça Social é necessário tratar desigualmente as pessoas desiguais, isso porque se você trata de forma igual as pessoas, sem levar em conta suas realidades, você está contribuindo para reforçar desigualdades. Temos assistido, infelizmente, um retrocesso social absurdo, em uma velocidade que impressiona e que tem chocado muitos de nós. O que é Justiça Social? É garantir a todos uma vida digna, garantir que a Justiça seja para todos, porque não existe como viver em harmonia priorizando apenas questões econômicas. Se a sociedade como um todo não vai bem, se existe um grupo dessa sociedade que não vai bem, há um risco imenso de entrarmos em colapso e acho que isso está se desenhando no Brasil, o que é uma coisa muito triste. Direitos que foram conquistados com muita luta e dificuldade, e que eram caminhos que podiam efetivamente promover uma Justiça Social, foram retirados em uma velocidade absurda, a exemplo da Reforma Trabalhista, que priorizou a economia em detrimento do trabalhador. Isso é só um exemplo, mas os direitos estão sendo diminuídos e a história está sendo distorcida, de maneira que as pessoas que têm menos privilégios é quem têm sofrido mais com o corte dos direitos, algo que para qualquer pessoa que tenha um olhar mais sensível para essa parcela mais carente da população aborrece, mas temos que fazer desta indignação algo positivo”, afirmou.
A Defensora Pública, que é Diretora das Defensorias Regionais, destacou o Projeto Vozes dos Quilombos, que desenvolve junto às comunidades quilombolas do Piauí e que também é uma forma de garantir a Justiça Social. “O Projeto tem o foco especifico de lutar pelos direitos das comunidades quilombolas, grupo de pessoas que vem sofrendo bastante com todo esse retrocesso social. Nos deslocamos até as comunidades, ouvimos suas demandas e, de acordo com cada realidade, buscamos a solução. Já conseguimos bons resultados, como a reabertura de escolas, a recuperação de estradas que garantem a acessibilidade a essas comunidades, e o transporte escolar para que crianças e adolescentes não tenham que se deslocar a pé, por longas distâncias,para terem acesso à educação”, explicou.
Karla Andrade reforçou o papel da Defensoria Pública voltado para a Justiça Social. “É preciso um olhar diferenciado para as minorias, para as pessoas que têm seus direitos cerceados, que enfrentam muito mais dificuldades para acessar seus direitos. Muitos de nós não passamos nem por dez por cento das dificuldades que as minorias enfrentam, e é por isso que nosso olhar se volta para elas, porque nessa luta por Justiça Social temos que pegar na mão da parte mais fraca e lutar junto com ela”, afirmou a Defensora Pública.