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Defensoria realiza segunda etapa do Projeto Elas Por Elas na Penitenciária Feminina

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Publicado em 04, março de 2024 às 13:16

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Aconteceu no último domingo (03) na Penitenciária Feminina de Teresina, a segunda etapa do projeto Elas por Elas, coordenado pela Defensora Pública Irani Albuquerque Brito, coordenadora do Sistema Prisional da Defensoria. O projeto tem por objetivo propiciar às mulheres privadas de liberdade o resgate da autoestima e a valorização pessoal, ajudando-as no processo de reinserção social. Somando as duas etapas, a primeira aconteceu no dia 25 de fevereiro, foram atendidas 159 mulheres na Penitenciária Feminina.

Assim como na primeira ação, além da Defensora Irani Albuquerque, estiveram presentes a subdefensora Pública Geral, Verônica Acioly de Vasconcelos, os Defensores e Defensoras Elisa Cruz Ramos, Amanda de Andrade Caputo Tejo; Heleonora Cristina Silva Soares; Thayanny Dantas Duarte; e os Defensores Públicos Isaias Neto Santos Coaracy, Marcus Vinicius Carvalho da Silva Sousa e Nikolai Olchanowski.

O projeto é desenvolvido a partir de parceria com grupo de 40 profissionais empreendedoras de diversos segmentos da beleza e bem-estar, e leva serviços de manicure, pedicure, cuidados com cabelo, depilação, estética facial, massoterapia, entre outros, para ass mulheres em situação de cárcere.

WhatsApp Image 2024-03-04 at 12.17.54Maria Generosa da Costa Cruz, a Gina, proprietária do salão Gina Cabelos e uma das parceiras do projeto destacou a satisfação em participar. “Nosso grupo, que reúne profissionais da área de beleza, surgiu no ano de 2018 e desde então vínhamos realizando trabalhos nos abrigos dos idosos, quando a Defensora Pública Irani Albuquerque falou que estava criando o Elas por Elas e nos convidou a participar concordamos imediatamente. Foi uma experiência nova para nós e foi ímpar, tivemos muito prazer em estar ali, foi inexplicável, no momento em que estávamos atendendo não nos importava o que elas fizeram mas sim a satisfação que estavam sentindo em elevar a autoestima. É uma experiência que vai ficar marcada em nossas vidas e quantas vezes solicitarem estaremos prontas para colaborar. Aproveito para agradecer à Defensora Irani que fez uma grande mobilização e conseguiu arrecadar o material para trabalharmos. Esse projeto só tende a crescer”, afirmou.

E. K. , uma das internas na Penitenciária Feminina que foi atendida pelo projeto destacou a satisfação em receber o atendimento. “Tem uma importância muito grande para nós que estamos presas há bastante tempo. Poder ter um dia de lazer e beleza, poder cortar o cabelo, fazer a unha é muito gratificante. A Defensoria Pública está de parabéns!”

A Diretora da Penitenciária Feminina, Cristiane de Praga, voltou a destacar os benefícios do projeto. “Muito positivo para todas nós que fazemos parte da Penitenciária Feminina, principalmente para as internas que não têm como manter esse tipo de atividade. Faz parte de um processo de ressocialização que vai aumentar a autoestima delas, fazer com que repensem seus valores para saber como vão proceder lá fora após saírem da Unidade. Temos internas que nunca passaram por um processo de embelezamento então, estão se sentindo muito bem, o projeto está melhorando até a convivência entre elas na Unidade”.

A Defensora Pública Heleonora Cristina Soares falou sobre a experiência. “Verificamos como a situação de cárcere desumaniza sobretudo as mulheres, que muitas vezes passam por situações muito delicadas, inclusive de abandono de familiares. O Elas por Elas vem trazer esse tratamento humanizado além do atendimento jurídico, questões relacionadas ao trato dos cabelos, das mãos, cuidar da aparência, coisas que vão se perdendo pela situação de encarceramento. As mulheres recebem portanto não só a atenção para suas questões jurídicas, mas também pessoais, para desmistificar essa questão de que a mulher no cárcere tem que perder todas as questões relacionadas ao trato pessoal. É muito importante amenizar essa situação do cárcere”, ressaltou.

WhatsApp Image 2024-03-04 at 12.17.51 (1)A coordenadora do Projeto, Defensora Pública Irani Albuquerque analisou os resultados. “Foi ofertado para cem por cento das internas algum tipo de atendimento, quase na maioria aceitaram e teve um saldo muito positivo, elevando a autoestima dessas mulheres para que elas consigam, com mais estabilidade emocional, passar por esse período. O tratamento estético, aliado ao atendimento jurídico, faz com que essas mulheres tenham plena consciência das suas situações e possam autodeterminar-se. Mulheres cuidando de mulheres, esse era nosso objetivo, algumas parceiras puderam vir ofertando seus trabalhos, suas horas de folga, e as que não puderam estar presentes doaram seus produtos ou valores, para que a ação pudesse acontecer. É um projeto que pela primeira vez foi desenvolvido pela Defensoria e acredito que tenha tudo para ter outras etapas, sempre em datas que coloquem em relevo a situação da mulher, trazendo o encarceramento da mulher para o debate, a fim de que o tratamento dispensado pelo Poder Judiciário, pelo Sistema de Justiça em relação a elas, seja de fato digno e que preserve a sua situação em relação ao gênero, destacando que aprisionar uma mulher é muito diferente de aprisionar um homem, pois gera consequências diferentes para a sociedade e está mais do que na hora de começarmos a debater sobre isso”, destacou.

A Subdefensora Pública Geral, Verônica Acioly, discorreu sobre a importância do projeto. “A Defensoria Pública tem um papel constitucional e em razão desse deve realizar ações que reduzam as desigualdade sociais e promovam e protejam os direitos humanos. Iniciativas como a desse projeto são fundamentais, aproximam a Defensoria Pública de setores da sociedade e principalmente desse, formado por mulheres privadas de liberdade, com ações que não se restringem ao aspecto jurídico ou judicial e que tratam o ser humano com dignidade, fazendo com que essas mulheres se sintam estimuladas a refletir sobre suas ações e a buscarem uma reinserção na sociedade de forma digna, como merecem. Importante ressaltar que sem a colaboração da Secretaria de Estado da Justiça e da Diretora da Penitenciária feminina, Cristiane de Praga, essa ação não seria possível”, afirmou.